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LÁGRIMAS

Caminhando para o trabalho de novo, por volta das cinco da manhã, penso em você. 

Agarro nesses segundos em que o silêncio e o espaço abundam nas ruas para devanear e me perguntar. 


Com a certeza que tudo isso é absoluta ilusão, me pergunto onde você está. 

Em que país poderia estar ou quão perto estaríamos se eu não tivesse me mudado. 

Me pergunto sobre o seu gênero, rezando para que seja o melhor. 

Me pergunto se nos encontramos nas mesmas músicas ou se eu te revelaria, com letras de canções e preces, o meu ser mais íntimo. 

Me pergunto se nossas almas se cruzariam pelos sons de uma noite qualquer ou se nossas mãos se encontrariam na rua. 

Me pergunto se poderíamos incendiar a nossa raiva do mundo na mais bonita chama política, como uma unidade feita de desejo.


E então, no meio do caminho, rezo aquela prece minúscula, aquela que você diz com os olhos secretamente úmidos, em silêncio. 

Num suspiro, digo: Cruza meu caminho. 

Me encontra. 

Por favor, me atinja. Num suspiro, digo: já pisei estradas demais, trilhas demais e com os pés inchados, agora descanso. 


Eu te convido a vir a mim, a ser banhada pelos meus lábios inteiros, a ser ouvida, admirada e elogiada só por existir, seu cabelo gentilmente acariciado e seu corpo abraçado infinitamente, como se fosse casa. 


E quando é hora de começar a rotina do dia, desço do ônibus e no último sopro de fantasia que me resta, me pergunto se você é realmente VOCÊ ou se você sou EU. 

E quando rapidamente se desvanecem estes pensamentos, só desejo que esse sonho aconteça o quanto antes.

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Brunna Lopes