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CENTROS SOCIAIS RESISTEM

A Disgraça, centro social autogerido, localizado na Penha de França, conseguiu, depois de mais de um ano de campanha de angariação de fundos e solidariedade, juntar o dinheiro necessário para a compra do próprio espaço. Foi uma campanha que se estendeu por muitos espaços comunitários de Lisboa e de outros países, com numerosos eventos - entre concertos, jantares e conversas - tendo uma parte do dinheiro sido também angariada com recurso a empréstimos solidários. Um projeto ambicioso e importante, que poderia parecer uma miragem, conseguiu chegar a bom porto com organização comunitária. Garante-se assim que a Disgraça, um dos principais centros sociais e espaços comunitários de Lisboa, continuará onde está e a pertencer a quem a constrói e nela participa.

É uma excelente notícia, mas que tem como pano de fundo a situação trágica das associações recreativas, culturais e centros sociais lisboetas. No passado mês de outubro, a Zona Franca dos Anjos foi despejada. A Sirigaita está há mais de um ano a resistir ao processo de despejo, tendo recusado entregar as chaves ao senhorio. A Casa Independente está também na iminência de ter de abandonar o seu espaço. O mesmo destino tiveram já nos últimos anos vários coletivos que ajudaram a tornar "cool" a zona da Almirante Reis, e que agora vão sendo expulsos, um por um. A gentrificação que despeja estes espaços é a mesma que torna o preço das casas incomportáveis para a grande maioria da população, transformando Lisboa numa cidade cada vez mais fria, elitizada e baseada no consumo. É preciso defender estes centros e associações de bairro: comba-tem o individualismo que nos querem impôr, onde somos pessoas e não consu-midores, onde podemos estar juntos e construir uma vida em comum!

RZ 

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